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Só mais um dia duma rotina que não termina
retem na retina o deja vu em que tudo culmina
Uma mina de gossips, é a poluíção citadina
que escrutina vidas que lá vão ao virar da esquina
Sou muito mais de prosa do que poesia, mas sei que se deixasse cá coisas mais extensas, aí é que ninguém se iria mesmo dar ao trabalho de me ler. Deixo-vos, então, com os 3 poemas que escrevi e que consigo achar minimamente decentes:
Spoiler
uno,
uno sou eu, meu corpo e minha alma
a caneta com que agora escrevo, do
elefante púrpura de metro e meio de
aquando era criança de quatro anos só
o perfeito caos, de movimentos, reacções e energias
no desencadeamento do próprio viver
e o mundo onde posso existir, com seu
chão que piso, e seu céu que sobre mim se estende
a maçã que hoje como, que é a melhor que já comi
a que guardo para amanhã, que será a melhor que comerei
a matéria fria de cada pedra, de cada construção
a beleza íntima de sistina, mahal ou chambord
a luz que do sol transborda,
e por entre janelas trespassa,
iluminando e aquecendo minha casa
sem pedido evidente
a luz do ser, em mim sempre presente
e que no momento do abandonar certo,
da carne fraca e perecível que me compõe,
desposar-se-á na perpetuidade do espírito mãe.
Spoiler
Estás a ouvir, Mariana?
É o som do silêncio e do tempo a passar
E nada mais.
Às vezes perguntas-me o que é que eu faço acordado de noite
Até estas horas que não lembram a ninguém
Aparentemente sem fazer nada
E o mais comum é nem sequer te conseguir responder
E ficar calado.
Agora, e não sei bem porquê, acho que me vejo capaz de te responder
E dizer que é simplesmente tempo que preciso para mim
E para pôr em ordem tudo aquilo que tenho em mim.
Talvez precise de demasiado tempo para mim
Ou tenha demasiadas coisas dentro de mim,
Não posso afirmar ao certo,
Mas é um facto que nestas noites enquanto tu dormes
A umas paredes de distância
Eu ando pela sala de um lado para outro
Com passos leves, mas intranquilos
Sem que tu nunca dês por isso.
E talvez pudesse continuar a fazer isto por anos
A andar pela sala com os meus passos intranquilos
Sem que tu nunca soubesses
Se não to estivesse agora a contar.
Faço-o passando a mão pelo cabelo e suspirando de vez em quando
E, imagina, até levando uma vez por outra dois dedos, o indicador e o médio
Junto à boca, como se estivesse a fazer de conta que estou a fumar.
Porque, por alguma razão, penso que me apetece fumar
Ou que aquele seria um bom momento para fumar
Embora eu não fume, nem tenha a ideia de fumar
E tenha odiado o sabor a alcatrão na minha boca
Quando experimentei aquele primeiro cigarro.
Mas sim, estou intranquilo como os meus passos e
Na minha cabeça apetece-me fumar e
Vejo-me até a fumar e digo isto muito literalmente
Eu vejo-me a fumar, como se tivesse fora de mim
E fosse um espectador de mim próprio e me visse de cigarro na mão.
Influências de demasiados filmes, provavelmente, é o que esta merda é
Em situações assim há sempre um cigarro
E a minha cabeça está cheia de imagens de filmes
Embora saiba que a vida não é a (censurado) de um filme
Que é tudo menos a (censurado) de um filme.
Digo-te isto e é provável que tu ao início até estranhes toda esta história
Porque eu sei que pareço quase sempre calmo por fora
E tu sabes que eu te reafirmo sempre que estou realmente calmo por dentro
E se queres que te diga acho que tudo isso é verdade
Porque isto tudo que tenho dentro de mim e sinto necessidade de pôr em ordem
Não diz respeito à minha relação para comigo
Mas à minha relação para com o mundo
Essa, sim, é
E sempre foi
Violenta e não sei se alguma vez deixará de o ser.
E eu nestas noites crio mil e uma imagens
Acho que é por isso que não sonho a dormir
Gasto todos os meus sonhos antes de me deitar
Sonho acordado, desperto, e não sei se é melhor ou pior
Mas faz-me pensar muito sobre os meus sonhos
Alguns dos quais são só hipóteses de futuro
Umas mais tangíveis do que outras
Outros pertencem somente ao domínio do puramente fantasioso
E outros, ainda, apresentam-se como se fossem alegorias
De algo maior que eu ainda não consigo completamente apreender.
De todos esses sonhos o que mais se repete é o de um fundo negro
Com corpos ao meu lado, pessoas sem cara,
A maior parte dos quais pequenas, crianças,
O que torna tudo isto ainda mais trágico e distorcido
E essas pessoas sem cara, essas crianças, simplesmente andam
Rumo ao nada, rumo àquilo que me parece não ser mais do que um abismo
Sem fundo
E eu vejo-me ali
Perdido
Sem saber o que fazer e
Depois
Sem ser por minha vontade
Os meus pés começam a andar também
E eu torno-me
Em parte daquela multidão
Que está a caminhar rumo ao nada
E pergunto-me
Se isto poderá significar
Alguma coisa
Se isto poderá querer dizer
Que a Humanidade está a caminhar
Rumo ao abismo
Talvez sem dar por isso
E que aqueles que se apercebem
Como eu
Do que está a acontecer
São arrastados
Ainda assim
Por alguma estranha força
Magnética
E nada podem fazer
E pergunto-me
Também
Se terei toda a Humanidade dentro de mim
E se isso será possível.
Mas, por vezes, embora seja raro
Tu apareces nesse meu sonho e dás-me a mão
E sorris para mim e, assim,
Ainda que vá rumo ao abismo,
Ainda que caminhemos os dois nesse sentido
Eu consigo sentir alguma espécie de conforto
Por saber que estás ali ao meu lado
E sentir esse conforto faz-me bem.
E penso então no teu olhar doce
E no teu sorriso terno
E em como o meu coração se enche
Quando vejo o teu olhar doce
E o teu sorriso terno
Do quanto eu gosto desse teu ar de menina.
E penso também no que faria se te perdesse
E vejo o álcool e vejo as drogas e mesmo o sexo
E o abismo
O abismo
O abismo
O abismo
O
A
Bis
M
O
Mesmo não sabendo se haveria realmente o álcool ou as drogas
E muito menos o sexo.
Vejo tudo negro sem ti
E a caminhada rumo ao abismo
A acelerar-se dramaticamente
E vejo-me a chorar e a contorcer-me
E a gritar e a agarrar-me à cabeça e a
Enlouquecer e a partir esta merda toda
E a foder-me um dia qualquer
Atirando-me para cima de um carro
E a foder também a vida ao tipo que está dentro do carro
E tenho por certo
Que me para me livrar desse fim
Para ir evitando o abismo
Tinha que por muito tempo
Todos os dias
Ir relembrando
Os traços do teu rosto e o teu olhar doce e o teu sorriso terno
E a tua pureza e o quão bem tudo isso me fazia sentir.
Mas depois chega aquela altura da noite em que me vou
Por fim deitar
E vejo-te realmente com os olhos e não com a imaginação
A dormir na nossa cama
E vejo o anjo que tu és e sorrio
E deito-me e aqueço-me sentindo o teu calor
E sinto um conforto muito maior do que quando me imagino
A caminhar rumo ao abismo ao teu lado
E uma felicidade que me chega a doer de tão real que é.
E isto irá acontecer até ao dia em que um de nós desaparecer
Ou eu me veja realmente obrigado a dormir contigo ao mesmo tempo
Ou até antes
Ou resolva todos os problemas que tenho com o mundo
E expulse de dentro de mim toda a Humanidade
Mas não quero nada que isso aconteça
Porque gosto demasiado de chegar ao quarto e de te ver a dormir
E talvez seja realmente essa a maior razão
Para eu ficar na sala durante todo este tempo sem no entanto fazer nada.
Spoiler
A clandestinidade da carne
Quando estamos deitados juntos
Lado a lado
E me olhas com esses olhos que queimam
Não consigo não pensar na sorte que tenho
Eu
Com as minhas feições abrutalhadas
E destruídas
Por uma puberdade que me foi demasiado cruel
Eu
Com as minhas mãos peludas, simiescas,
Mãos calejadas de um homem que
Desde cedo
Teve de arregaçar as mangas
E fazer do trabalho físico
Que massacra os músculos e a coluna
O seu modo de viver
Mãos sempre ásperas, mas hábeis e experientes,
Que sabem onde e como tocar
E que tu
Inexplicavelmente
Queres que te toquem
E lembro-me de quando te via
Somente longe de mim e perto d’ele
E a própria ideia de imaginar esses olhos ardentes
Era algo que me transcendia
Porque com ele eras uma princesa
Inocente e imaculada
De sorriso puro
De uma felicidade por demais óbvia
Embora contida
A felicidade de uma menina
Das melhores famílias e da mais fina educação
Que nascera só com o mundo dos afectos e das ternuras por conquistar
E que o conquistara
E eu jamais concebi em me ver com essa menina
E, no entanto,
Estamos aqui
Tu com a tua beleza pueril
Eu com a minha fealdade animalesca, primordial
Qual Afrodite e Hefesto
Cheiras a flor de laranjeira e a sonhos
E custa-me sempre a acreditar
Na realidade do que vejo
Esse teu olhar que queima
Ele nunca o conhecerá
Esse teu jeito de te comportar
Em que cada expressão atrai
Em que cada gesto seduz
Ele nunca o conhecerá
A ligeireza com que deixas descair as alças
Do teu corpete de cetim vermelho
Ele nunca a conhecerá
E nem o corpete conhecerá
Porque eu sei que ele foi um presente de ti para mim
A mulher que tu és
Ele nunca conhecerá
Que se dane, ele que fique com a princesa
Que se contente com ela
Poder ter só essa faceta de alguém como tu já é bastante
E se isto que digo é uma verdade irrefutável
Então que dizer da minha sorte?
Eu que tive a oportunidade de ver a princesa, mesmo que à distância,
E que ainda hoje tenho a mulher, aqui tão perto, no meu velho colchão
És mulher e não és uma mulher qualquer
O que queres de mim eu sei
E reconheço que se me escolhes a ti para estas noites
É porque tens o perfeito conhecimento
De que um homem como eu
Entende qual o seu lugar
Perante uma mulher como tu
Porque sabes que um homem como eu entende a sorte que tem
Só por poder estar com uma mulher como tu
Sou teu servo e devo-te a mais absoluta lealdade e descrição
Um homem da minha laia jamais comprometeria o teu bom nome
Cala-se e goza a sua boa fortuna
És mulher e não há mulher mais mulher do que tu
Guardas no teu corpo todos os segredos do mundo
E eu quero descobri-los, um por um, pacientemente
Diz-me quais as tuas vontades
Diz-me tudo o que queres que te faça
Todos os nomes que queres que te chame
Mas fá-lo em silêncio
Pertences a uma classe de mulher de outra casta
De outra época
Uma mulher como tu não pode dizer essas coisas em voz alta
Mas não te preocupes
Eu percebo a linguagem do teu silêncio
E não falharei com os meus deveres
Dá-me permissão para que te sinta, desabrocha para mim,
Deixa-me aproveitar e, sobretudo, aproveita também
Quando acabar sei o que me irá sobrar
O tecto branco, o fumo nos pulmões
A secura a alcatrão no fundo da boca e o teu sabor na ponta da língua
A saudade ainda antes de tu partires
E um até à próxima vez, que virá, mas que não será certamente expressado.
Catch you staring at me Looking for charming symmetry Calm and steady Don't act Don't do You already have me
I'm not looking for trouble I'm damaged inside Just go away Leave it aside
She looks pleased I'm not used to... What should i do? Tell her my thoughs? And what i've been through?
Heart's on fire Can't cease In search of war
I've found peace
Kill Kill Bill's Bitch
Spoiler
I wanna whisper things to your ear But we need to be alone, with no one near With strenght enough to climb a thousand hills I whisper so loud that you feel chills Your eyes wide open, your mind's blind Your soul's hiding so let me find it
And there you are, so innocent, fresh and naive I'll give you everything you can receive Oh, you wouldn't believe I'll make you pleased and then i'll leave
Just give me a second, trust me, i'll be back Aaaaaaand here i am stabbing you in the neck You got me right, no error, no glitch
Now die slowly you fucking bitch
TWSS
Spoiler
I was wondering And this came out to me as a thought A silly thing That you may have forgot (you may have, but i do not)
You choose to leave and i didn't ask you to stay No memories to keep, you took them away
You seem to forget But i still remember
That warm sunny sunday, that rough cold November
Vet Diaries
Spoiler
I went To the vet I mean, not me... My cat!
Vet's closed Bad luck Cat died I'll buy a duck
Duck is stupid Can't do shit I say "stand" The moron sits
Duck's dead Shooted him in the throat Shit that was not a duck! That was a fucking goat!
Got arrested Paying for a felony I'm the prison's rat
Sou muito mais de prosa do que poesia, mas sei que se deixasse cá coisas mais extensas, aí é que ninguém se iria mesmo dar ao trabalho de me ler. Deixo-vos, então, com os 3 poemas que escrevi e que consigo achar minimamente decentes:
Isto está uma merda but it helps me sleep at night
Chama-se "Enquanto" e escrevi-o enquanto me coçava nas partes
Spoiler
diz-me por onde andas
em quantas ondas? tantas
em quantas horas tontas
enquanto
de esquina p'ra canto, desando
num momento, num entretanto
vou pensando
nesses dias distantes
quais dias? diz tantos
aqueles dias, diz antes
dos teus olhares e encantos
enquanto
sorrias e omitias
essas ideias primitivas
e eu já só me permitia
e se tivéssemos mais?
eu por mim tinha
já que tu tinhas tais
encantos
tantos que eu não me continha
contigo e em como eras minha
mas comigo estavas sozinha
e já sozinho só sinto
que assim só tenha sido
agora decidido eu canto
dez tempestades levanto
em dois tempos: estado de espanto
e em que tempo é que eu canto?
enquanto